Os rumos da diversidade nas grandes empresas e seus impactos no mercado de trabalho

Falar sobre diversidade em seu quadro de funcionários tem se tornado pauta cada vez mais central para empresas que querem permanecer relevantes no mercado atual. Aqui, é preciso destacar que, quando se fala de diversidade, fala-se sobre todos os tipos dela: a étnica, a geracional, a de gênero, a de orientação sexual, a de classe, a de corpos deficientes e todas as outras plurais caixinhas que seres-humanos utilizam para se auto-definir – e, claro, para definir o outro.

Em um país como o Brasil, cuja base social provém de extrema miscigenação e cuja estrutura econômica baseou-se por tanto tempo no modelo escravocrata, falar sobre diversidade no mercado de trabalho é ainda mais importante e urgente.

Afinal, todo o nosso arcabouço social constituiu-se, em grande medida, da dominação de certos grupos sobre outros: negros, indígenas, mulheres, população LGBTQIA+, população periférica, foram todos negligenciados no processo de amadurecimento de nossa nação e conquistaram poucos direitos e status quando comparados ao grupos do topo.

Falar de diversidade no ambiente de trabalho é, portanto, parte do processo de reparação histórica. Uma forma de tentar combater as desigualdades latentes do Brasil e de oferecer oportunidades mais isônomas a todas as porções da sociedade brasileira, tão multifacetada.

Não só isso, mas a inclusão e a diversidade nas empresas trazem benefícios claros ao negócio em si: a combinação de diferentes culturas e pessoas forma uma equipe diversa, cada qual com sua vivência e experiência, fazendo com que a empresa consiga se destacar na sociedade atual e, então, oferecer os produtos e serviços adequados a mercados tão diversos e exigentes.

Além disso, quanto maior for a diferença de conhecimento, de origem e de cultura das pessoas, maiores serão as oportunidades de que o ambiente provoque inovação e criatividade a serviço dos objetivos comerciais da empresa.

Os colaboradores que percebem a diversidade como um fator relevante dentro da organização são mais motivados e compreendem que, ao se dedicarem mais, trazem um ganho para a empresa e para o seu desempenho pessoal. Nas organizações em que o ambiente de diversidade é verdadeiramente reconhecido, os colaboradores estão mais engajados. 

Isso, entretanto, só é possível com o profundo comprometimento da empresa de não somente incluir candidatos diversos aos seus quadros de colaboradores, mas também de proporcionar a eles ambiente propício ao seu desenvolvimento pessoal e profissional. A diversidade não se limita apenas à contratação, mas se estende ao treinamento, às reuniões e às oportunidades apresentadas dentro do ambiente de trabalho.

A diversidade no ambiente de trabalho é assunto seríssimo e tem gerado impactos mundiais: este ano, a SEC – órgão norte-americano equivalente à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) – aprovou uma proposta que obriga as empresas listadas na Nasdaq a adotar e divulgar ações de ampliação de diversidade em seus conselhos de administração. 

Com a decisão, as empresas devem ter, no mínimo, dois diretores considerados diversos – sendo uma mulher e outro pertencente a um grupo minorizado, como negros ou LGBTQI+. Aquelas que não atingirem o critério devem explicar o motivo por não fazê-lo.

Estes incentivos vindos de órgãos tão importantes quanto à SEC são de suma importância, pois além de desenharem novas regras de inclusão servem de exemplo e benchmark global, gerando impactos em todos os mercados, tanto para quem contrata, quanto para quem é contratado.